quinta-feira, 3 de maio de 2007

garçons anônimos do Leblon

O garçom Paiva, do Jobi, não se importa em ser um ilustre desconhecido. Trabalhando há dezenove anos no famoso bar do baixo Leblon, o carioca de Jacarepaguá tem histórias para contar. Mas é discreto como todo bom garçom deve ser, e se recusa a falar sobre os clientes. Mantém a negativa mesmo quando avisado que pode ocultar o nome.
- Mesmo assim não posso, o cliente vai saber.

A rotina de trabalho dos garçons dos bares do Leblon é muito parecida. Paiva do Jobi, Severino do Clipper e Chico do Bracarense são celebridades nos botecos cariocas. Já foram eleitos os melhores garçons do Rio. Chico, na verdade, não quis conversar muito. Ficou tão famoso que para dar entrevista, é preciso consultar primeiro o seu agente.

No Bracarense até turista japonês já pediu para tirar fotos com Chico. Imigrante nordestino, premiado duas vezes como melhor garçom do Rio (Paiva ganhou outras duas vezes, Severino uma), apesar do assessor de imprensa, as finanças de Chico não melhoraram muito. Continua morando na mesma casa. O garçom pede licença e vai atender aos clientes. Mais conversa, só com permissão do agente.

Severino, do Clipper, mora em Rio das Pedras. Discreto e sorridente, "Sevê" tem personalidade tranqüila. Tão tranqüila que parece inexplicável a razão de trabalhar à noite. Sevê estava passando uma fase difícil de sua vida, não agüentou as provocações de um outro garçom, reconhecidamente causador de confusões, e deu-lhe um soco. Em vez de demissão, foi transferido para a noite.
- Os clientes gostam dele. - diz o português Antônio, dono do bar Clipper. - "Casa Clipper", corrige ele.

No Jobi, Paiva retorna após ter atendido a clientela. E a história de uma celebridade?
- Não tem. Mas quem mais me marcou foi o Cazuza. Era muito carismático e muito louco. Eu, pessoalmente gosto mesmo é de pagode.
Diz ele e parte para servir chopes à clientela que não para de chegar. Até às cinco da manhã.

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